FREQUÊNCIA DOS MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS EM TENTATIVAS DE SUÍCIDIO: UMA ANÁLISE FOCANDO EM SEXO E IDADE

Palavras-chave: Pediatria, Tentativa de Suicídio, Toxicologia

Resumo

Observa-se na literatura a influência do perfil do paciente na escolha do método para a tentativa de suicídio, tendo o sexo e idade como alguns dos aspectos que mais pesam no processo da decisão¹. Na adolescência, as mudanças biológicas, psicológicas e socioculturais, assim como as diferentes exposições a estressores entre os sexos, interferem na determinação do método de tentativa de suicídio². O objetivo deste trabalho é avaliar os agentes medicamentosos mais prevalentes nas tentativas de suicídio entre jovens, levando em consideração sexo e idade. Foi realizada uma análise transversal dos prontuários de 2017 a 2023 de um Centro de Informação e Assistência em Toxicologia do Paraná. Os dados coletados foram filtrados por sexo, e o perfil etário dividido em dois grupos contendo pacientes de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, respectivamente. As análises foram realizadas no programa Microsoft Excel. A frequência dos principais medicamentos utilizados na tentativa de sucídio foi dicotomizada na presença de intoxicação mono ou polimedicamentosa. Foram analisadas 2826 fichas, das quais 82,1% eram pertencentes ao sexo feminino. Quanto à idade, 71,9% tinham entre 15-19 anos. Os medicamentos mais prevalentes no grupo feminino (GRAF. 1) foram: Clonazepam, Fluoxetina e Sertralina como medicações únicas, junto à Paracetamol, Dipirona e Fluoxetina em combinação com outras drogas. Quanto ao sexo masculino (GRAF. 2), os medicamentos mais presentes foram: Clonazepam, Sertralina e Risperidona de maneira isolada, junto à Dipirona, Clonazepam e Sertralina em associação medicamentosa. Em relação aos grupos etários, nos pacientes de 10-14 anos (GRAF. 3), os medicamentos mais comuns de maneira isolada foram Clonazepam, Fluoxetina e Sertralina; e os mais utilizados em combinação foram Amitriptilina, Paracetamol e Dipirona. No grupo de 15-19 anos (GRAF. 4), observou-se prevalência de Clonazepam, Sertralina e Amitriptilina como única droga; e Paracetamol, Dipirona e Fluoxetina como drogas associadas. De todos os casos analisados, apenas 3 resultaram em óbito relacionado à intoxicação, todos do sexo feminino. Os resultados observados vão em sua maioria ao encontro da literatura, que revela alta incidência no uso de ansiolíticos e antidepressivos como agentes únicos ou em combinação, associada a maiores taxas de tentativa de suicídio durante a adolescência e em mulheres³. Contudo, os achados diferem da literatura no quesito taxas de mortalidade em tentativas de suicídio, cuja prevalência é maior no sexo masculino devido escolha de métodos mais definitivos para o auto-extermínio.¹ Dessa forma, o presente estudo demonstra a importância do acompanhamento adequado das terapêuticas com antidepressivos e ansiolíticos, uma vez que o fácil acesso a eles por crianças e adolescentes faz com que sejam as principais drogas utilizadas em tentativas de suicídio.

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Publicado
2024-12-06