A permanência do autoritarismo de extrema direita no Brasil

contribuições da teoria crítica frankfurtiana no séc. XXI

  • Rogério Martins Marlier Instituto Federal do Paraná
  • Fábio Lanza Universidade Estadual de Londrina
Palavras-chave: Autoritarismo; Populismo Autoritário Brasileiro; Extrema-direita; Escola de Frankfurt.

Resumo

A existência de movimentos autoritários de extrema-direita no Brasil não é um processo novo, mas adquiriu contornos amplos nas últimas duas décadas do séc. XXI por conta de vitórias eleitorais e a formação de uma hegemonia conservadora em diversos estados brasileiros. Por outro lado, a pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), “Medo da violência e o apoio ao autoritarismo no Brasil: Índice de propensão ao apoio a posições autoritárias” de 2017 antecipou uma tendência crescente da legitimação popular de discursos autoritários e violentos na política. O apoio em massa aos movimentos que questionavam a democracia despertou o interesse de pesquisadores de ciências humanas e sociais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar apontamentos teóricos para a compreensão do conceito de autoritarismo a partir da perspectiva da Escola de Frankfurt e suas contribuições para a conjuntura atual. A teoria crítica contribui para entender essa legitimação enquanto reflexo de estruturas sociais mais abrangentes, decorrentes da dinâmica socioeconômica desigual que despersonifica a formação das identidades humanas, e possibilita o apoio às ações baseadas na obediência à uma visão de mundo que estabelece uma hierarquia rigorosa entre superiores e inferiores. Dessa forma, os trabalhos da teoria crítica frankfurtiana contribuem para o debate sobre o autoritarismo de extrema-direita brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fábio Lanza, Universidade Estadual de Londrina

Doutor em Ciências Sociais (PUC-SP). Professor Associado do Departamento de Ciências Sociais, docente do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina e do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (UFCE-UEL). Londrina/PR. E-mail de contato: lanza@uel.br

Referências

ABROMEIT, John. Frankfurt School Critical Theory and the Persistence of Authoritarian Populism in the United States. In: MORELOCK, Jeremiah. Critical Theory and Authoritarian Populism. University of Westminster Press, London 2018.

ADORNO, Theodor W. Estudos sobre a personalidade autoritária. Org. Virginia Helena Ferreira da Costa. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

_________. Introdução à sociologia. Trad. MAAR, W. L. São Paulo: Editora UNESP, 2008.

BLOCH, B. The origins of Adorno’s psycho-social dialectic: psychoanalysis and neo-Kantianism in the young Adorno. Modern Intellectual History, v. 14, n. 1, p. 1-29, 2017. DOI: 10.1017/S147924431700049X.

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002

COSTA, Virginia Helena Ferreira da. Apresentação à edição brasileira. In.: ADORNO, Theodor W. Estudos sobre a personalidade autoritária. Org. Virginia Helena Ferreira da Costa. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

CROCHÍK, José Leon. Tecnologia e individualismo: um estudo de uma das relações contemporâneas entre ideologia e personalidade. Análise Psicológica. 2000, vol.18, n.4, pp.529-543. Disponível em: Acesso em: 08 ago. 2020.

FAUSTINO, Deivison. O que veio antes do fascismo? O racismo e a via colonial de objetivação do capitalismo brasileiro. Revista Estilhaço, São Paulo, nº 1- Janeiro de 2023. Disponível em: https://www.estilhaço.com.br/violenciaselibido. Acesso em 20 jan. de 2023.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. 5. ed. São Paulo: Globo, 2008, v. 1.

____________. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. 6. ed. São Paulo: Contracorrente, 2020

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Relatório: Medo da violência e o apoio ao autoritarismo no Brasil: Índice de propensão ao apoio a posições autoritárias. São Paulo – SP, 2017.
_____________. Relatório: Violência e democracia: panorama brasileiro pré-eleições 2022 – percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia. São Paulo – SP, 2022

GANDESHA, Samir. “Identifying with the aggressor”: From the authoritarian to neoliberal personality. Wiley Constellations Vol. 25, issue 1, 15 jan 2018, pp.1–18. https://doi.org/10.1111/1467-8675.12338

GRUPO TEMÁTICO DE EDUCAÇÃO EQUIPE DE TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL. Relatório: O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental. Brasília, 2022.

MORELOCK, Jeremiah; SULLIVAN, Daniel. Frankfurt School Methodologies. In: MORELOCK, Jeremiah. (org.). How to critique authoritarian populism: methodologies of the Frankfurt School. Boston: Brill, 2021.

MORELOCK, J.; NARITA, Felipe Ziotti. A Dialectical Constellation of Authoritarian Populism in the United States and Brazil. In: MORELOCK, J. (org.). How to critique authoritarian populism: methodologies of the Frankfurt School. Boston: Brill, 2021.

NILSSON, Artur; JOST, John T. The authoritarian-conservatism nexus. Current Opinion in Behavioral Sciences. Elsevier: Amsterdam, Netherlands, 34:148-154, 2020.

ROCHA, Camila; SOLANO, Esther; MEDEIROS, Jonas. The Bolsonaro Paradox: The Public Sphere and Right-Wing Counterpublicity in Contemporary Brazil. Cham: Springer, 2021.

SAFATLE, Vladimir. Violências e libido: fascismo, crise psíquica e contrarrevolução molecular. Revista Estilhaço, São Paulo, nº 1- Janeiro de 2023. Disponível em: https://www.estilhaço.com.br/violenciaselibido. Acesso em 20 jan. de 2023.

SCHILDKRAUT, J. et al., Framing mass shootings as a social problem: a comparison of ideologically and non-ideologically motivated attacks. Aggression and Violent Behavior (2020). Elsevier, 2020.
Publicado
2024-01-28