Nós, porém, anunciamos Cristo crucificado”
a ressignificação da cruz na arte funerária paleocristã em Roma (IV d.C.)
Palavras-chave:
arqueologia paleocristã, cruz, ressignificaçãoResumo
A pesquisa analisa a ressignificação da cruz na arte paleocristã, através da investigação do sarcófago da Paixão, datado do século IV d.C., encontrado na catacumba de Domitila, em Roma, atualmente no Museu do Vaticano. O estudo parte do contexto em que, antes do século IV, a cruz não possuía um significado de vitória e salvação, era associada a pena de morte mais humilhante. O objetivo da pesquisa é compreender como esse símbolo passou a ocupar lugar central na iconografia funerária cristã, investigando os significados atribuídos à cruz. Como metodologia de análise adotada é a arqueologia da imagem, articulada à iconografia clássica, permitindo a análise do contexto sistêmico, arqueológico e histórico da peça. A fundamentação teórica recorre a autores que discutem a evolução simbólica da cruz, na narrativa visual na arte cristã primitiva. A análise iconográfica do sarcófago evidencia cenas da Paixão e o símbolo Chi-Rho, vinculando-os a eventos históricos, como a visão de Constantino e a suposta descoberta da Vera Cruz por sua mãe, Helena. Como resultado, observa-se que o monumento sintetiza a vida, morte e ressurreição de Cristo e revela a cruz como emblema de esperança e salvação. Espera-se que o estudo contribua para ampliar a compreensão sobre a transformação simbólica da cruz nos séculos iniciais do cristianismo, a partir das evidências arqueológicas.
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