Strengts and difficulties questionnaire
comparação de crianças com e sem TEA na avaliação feita por pais e professores
Resumo
Segundo a definição do Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSMV), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado pela dificuldade na comunicação e interação social e presença de padrões de comportamento, interesse ou atividades restritas. O Strengts and Difficulties Questionnaire (SDQ) é um instrumento amplamente utilizado para verificar algumas áreas da saúde mental infantil por meio de 25 itens divididos em 4 subescalas de dificuldades (sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade e problemas de relacionamento) e uma subescala de força (comportamento pró-social). Um escore geral de dificuldades também é gerado a partir das 4 subescalas de dificuldade. De fácil aplicação, o SDQ apresenta duas versões, uma para pais e outra para professores. O presente trabalho tem por objetivo comparar o desempenho de crianças com TEA e crianças com desenvolvimento típico no SDQ e verificar o nível de concordância entre as subescalas respondidas por pais e professores dessas crianças. Participaram do estudo 17 crianças com TEA (3 meninas) e 34 crianças da mesma sala de aula e mesmo sexo das crianças com TEA, as quais compuseram o grupo de controle (proporção 1:2). A média de idade das crianças foi de 97,25 meses (DP = 22,85; mínimo 48; máximo 132 meses). Todas as crianças estavam incluídas no ensino regular de escolas municipais da cidade de Apucarana, PR, entre a pré-escola e o Ensino Fundamental. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Estadual de Londrina. Os dados foram analisados por meio de testes-t para amostras independentes, qui-quadrado e correlação (Pearson). Os grupos não se diferiram em inteligência não-verbal (Raven), idade, sexo ou nível socioeconômico. Tanto em relação à escala para pais quanto à escala para professores, as crianças com TEA apresentaram maiores dificuldades do que as crianças do grupo controle e menores escores no comportamento pró-social. Em termos das classificações descritivas, as crianças TEA apresentaram maior pro porção de comportamento anormal em todas as subescalas na percepção dos professores e em termos de sintomas emocionais, problemas de conduta e comportamento pró -social na visão dos pais. Em relação às subescalas do SDQ, as correlações entre as escalas de pais e professores tenderam a ser de baixa a moderadas, sendo que a correlação de algumas subescalas não foram significativas. Com isso, discute-se sobre o nível concordância entre pais e professores a respeito da saúde mental das crianças.