Madame Bovary e Virginia Woolf

a feminilidade e o feminino na psicanálise

  • Nathália Tavares Bellato Spagiari UEL
  • Silvia Nogueira Cordeiro
Palavras-chave: psicanálise, feminino, feminilidade, Madame Bovary, Virginia Woolf, literatura

Resumo

O feminino na psicanálise é uma temática em constante elaboração; pode ser ele “caro” aos sujeitos que se aventuram por essa travessia, na vida real ou romanesca e se encerraram tragicamente, nestes casos a serem citados. Flaubert inscreve a feminilidade oitocentista dimensionada por uma sociedade que alocava a mulher somente a vivência do lar; escreveu Madame Bovary que se designou a buscar uma paixão que a arrebata-se do tédio cotidiano amarrado aos costumes. No século XIX, Virgínia Woolf escreve sobre a autonomia da mulher e sua entrada no campo social e do trabalho, promove reflexões sobre os direitos e posição da mulher na sociedade. Tanto a mulher oitocentista de Flaubert e muitas das obras de Woolf, pode-se refletir sobre a feminilidade e o feminino pela via da psicanálise inscrita na personagem Emma e na escritora Woolf. Parte-se, neste trabalho, de uma diferenciação entre feminilidade e feminino proposto por Maria Rita Kehl; definindo como uma posição masculina devido lugar de “Outro no discurso” que promove a alienação política e subjetiva, e um lugar de gozo indecifrável, respectivamente. Para tanto, busca-se discutir como se é colocado a feminilidade e o feminino no século XIX, pela ótica da psicanálise, utilizando a obra Madame Bovary e a escrita de Virginia Woolf. Surge o sintoma cunhado como bovarismo, ao tratar as formas de tornar-se um sujeito para além do permitido socialmente, no século XIX; no caso das mulheres, almejava-se ser outra mulher através dos romances, que a personagem Emma persegue incessantemente. Com Woolf, algumas de suas obras evidenciam a tomada de um posicionamento outro pela mulher, não a prendendo em um único ambiente, como o doméstico. Uma tentativa constante de desalienação ao discurso do Outro “no sentido político e subjetivo” realizado por estas mulheres. No entanto, ambas as mulheres se suicidam, o que possibilita apontar esta saída como tentativa última de desalienação ao desejo do desejo o Outro, em ato o “caminhar da feminilidade para o feminino”. Assim, a elaboração do feminino custou-lhes a vida para estas mulheres. No que tange as mulheres do século XIX, Madame Bovary e em muitos livros de Virginia Woolf exemplificam como a feminilidade da época era imposta e como a alienação ao discurso do Outro poderiam impossibilitar a criação de um nome próprio para cada feminino que deveria advir. Contudo, cabe salientar que isto não barrou as mulheres da busca por protagonismo social e escolha por seu desejo.

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Biografia do Autor

Nathália Tavares Bellato Spagiari, UEL

Atualmente, mestranda em Psicologia pelo programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina (UEL - turma 2018) e cursa o aperfeiçoamento em Fundamentos da clínica psicanalítica de Freud a Lacan: o que é clinicar? pela Faculdade Positivo - Londrina (2019). Atua como psicóloga clínica no Centro de Saúde Aequilibrium. Possui especialização pelo programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher pela UEL (2014-2016); em Clínica Psicanalítica pela UEL (2017-2018); e, em Teoria da Psicanálise - curso fundamental de Freud a Lacan (2018-2019) pela Faculdade Positivo. Graduação em Formação de psicólogo (2014), Bacharel e Licenciatura em psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (2013). Áreas de interesse: saúde da mulher; psicanálise Freud e Lacan; feminino em psicanálise; literatura; escrita do feminino na literatura.

Publicado
2019-11-13