Psicologia e regimes de verdade

discursos sobre a violência contra crianças e adolescentes na interface do suas

  • Anyelle Karine de Andrade Universidade Estadual de Londrina
  • Rafael Bianchi Silva
Palavras-chave: Psicologia; regimes de verdade; violência infantojuvenil; SUAS.

Resumo

Este trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado (em andamento) do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Estadual de Londrina. Tem-se como premissa o entendimento de que a Psicologia se desenvolveu estabelecendo proposições com efeito de verdade, respondendo a demandas de cada época. Para legitimar-se, construiu teorias e técnicas sobre os sujeitos e o contexto social, buscando apoio e sustentação em saberes que operavam no interior de “regimes de verdade” (Foucault, 1979). Nesse percurso, os discursos que produziu favoreceram para que fosse reconhecida como uma ciência a contribuir com questões da política pública de Assistência Social, como as relacionadas a violência contra crianças e adolescentes. Com isso, o saber psi foi se constitui como um conjunto de teorias e procedimentos que enunciavam verdades sobre os modos de ser e tratar a infância e a adolescência (Cruz e Guareschi, 2012). Logo, a pesquisa tem como objetivo geral analisar quais discursos a Psicologia sustenta como verdade, nos últimos 30 anos (período de existência da Assistência Social como política pública), quando discute a violência contra crianças e adolescentes. Como objetivos específicos busca-se verificar se, historicamente, as produções da Psicologia acerca da violência infantojuvenil tem subsidiado a construção teórica e a atuação profissional com a temática, de modo alinhado a perspectiva da Política Nacional de Assistência Social (PNAS); e observar de que modo o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) incide na transformação da Psicologia como campo disciplinar. Será realizada uma pesquisa documental nos materiais oficiais da PNAS e nas produções desenvolvidas pelo Conselho Federal de Psicologia; e uma pesquisa bibliográfica junto as produções científicas produzidas pela Psicologia dentro do critério temporal proposto. Será composta de duas etapas: Na primeira, será utilizada a proposta de análise de conteúdo de Bardin (2016) para a organização dos documentos. Na segunda, os dados serão análise a luz do referencial teórico de Foucault. Partindo do princípio de que as produções científicas expressam “regimes de verdade” (Foucault, 1979), compreende-se que elas qualificam discursos como verdadeiros e, portanto, válidos, para um campo disciplinar. Por isso, a análise das produções científicas mostra-se como uma via para compreensão de como a Psicologia se posiciona no debate acerca do fenômeno da violência infantojuvenil. Resta-nos, portanto, compreender com essa pesquisa o que a produção cientifica nos revela sobre o saber que a Psicologia expressa acerca da violência infantojuvenil, entendendo que existem critérios na avaliação para publicações de materiais científicos. Para além, intenta-se também compreender se os discursos científicos que a Psicologia construiu ao longo dos últimos 30 anos, fornecem subsídios para a atuação nas políticas públicas, em especial no SUAS, no que se refere ao trabalho com a violência contra crianças e adolescentes.

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Publicado
2019-11-13