Validade de tarefas de leitura em voz alta de palavras isoladas

efeitos de frequência e escolaridade

  • Carolina Saito Mochizuki UEL
  • Isabella Pavoni
  • Nayara Rodrigues de Oliveira
  • Julia Gonçalves Perozzi
  • Patricia Silva Lucio
Palavras-chave: leitura em voz alta, efeito de frequencia, escolarização, rota lexical

Resumo

O diagnóstico das dificuldades de leitura depende da criação de instrumentos com indicadores de validade e que possuam normas para a população a que se destinam. Na psicologia cognitiva, a tarefa de leitura em voz alta de palavras isoladas constitui uma das formas mais utilizadas para avaliar os componentes dos modelos de dupla rota. A manipulação de características psicolinguísticas das palavras (por exemplo, regularidade) proporciona a investigação de efeitos na leitura, os quais sinalizam o uso prioritário, pela criança, de um processo ou outro para ler. Enquanto alguns efeitos são esperados no início da aprendizagem, a persistência de determinados efeitos ao longo do tempo pode indicar a presença de problemas na formação lexical ou mesmo da qualidade da transcrição fonologia/grafia. O estudo descreve a validação por efeitos de frequência e escolaridade de tarefas de leitura de palavras reais isoladas. A tarefa é composta por 18 palavras de baixa frequência (BF) selecionadas do estudo de Lúcio et al. (2012) em função do índice de dificuldade (baixo, médio, alto). Estas palavras foram emparelhadas (quanto ao número de letras, regularidade para a leitura e para a escrita e número de fonemas) com 18 palavras alta frequência (AF) retiradas do corpus de Pinheiro (1996). Descreve-se o estudo piloto para a criação das tarefas. Foram contatadas 120 crianças do 2o ao 5o ano de uma escola da cidade de Londrina, das quais 80 obtiveram autorização dos responsáveis (idade mínima = 7; idade máxima = 12; 42,5% meninas). As crianças foram instruídas a ler em voz alta as palavras em cartões separados por frequência. O tempo total de leitura e os acertos foram registrados. Foram excluídas três crianças por tempos atípicos de leitura (> 2DP em relação à média). Não houve diferenças de idade ou prevalência de sexo ou série entre as crianças autorizadas e as não autorizadas pelos responsáveis. Análises de variância para medidas repetidas mostraram que houve efeito de frequência e de série, mas estes fatores não interagiram (i.e., o efeito não foi maior para determinado grupo). A análise multivariada de variância mostrou que a proporção de acertos nas palavras AF foi menor apenas para o 2o ano em relação aos anos finais (4o e 5o). Já entre as palavras BF, as crianças do 2o ano tiveram pior desempenho que todas as outras. Padrão semelhante foi encontrado para o tempo na leitura, em que as crianças do 2o ano apresentaram maior lentidão para as palavras de AF e BF. Entretanto, quando se observa a acurácia (número de palavras corretas divididas pelo tempo), observa-se interação da frequência com a série, mostrando uma aquisição mais lenta do vocabulário lexical entre as palavras BF. Os dados estão de acordo com a literatura nacional e internacional no que tange à formação lexical entre leitores iniciantes, o que demonstra validade por processo de resposta à tarefa.

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Publicado
2019-11-13