Quando o sagrado subordina

a construção de gênero nas tradições religiosas

Abstract

Este artigo tem como objetivo analisar a influência da religião cristã na manutenção da subordinação feminina nas relações sociais contemporâneas. Partindo da compreensão de que, em uma sociedade historicamente patriarcal, os valores religiosos continuam a reforçar papéis de gênero assimétricos, mesmo diante dos avanços nas lutas por equidade. Para isso, realizou-se entrevistas com dez mulheres entre 20 e 67 anos, com diferentes vínculos religiosos, além de uma revisão de literatura sobre gênero e religião. As narrativas evidenciaram como valores tradicionalmente cristãos ainda operam como mecanismos de controle simbólico, moral e comportamental sobre os corpos e as vidas das mulheres, legitimando a desigualdade. No entanto, também foi identificado tensionamentos e reinterpretações por parte das próprias mulheres, que, sem abandonar sua fé, questionam os discursos opressores e buscam formas mais libertadoras de vivência espiritual. Conclui-se que a religião permanece como campo de disputa entre tradição e transformação.