O mundo mágico de The secret of Kells

iluminuras e monges da Irlanda medieval

Abstract

 Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise inicial da animação The Secret of Kells (2009), dirigida por Tomm Moore, com foco em sua construção estética, simbólica e narrativa. A obra é inspirada no Livro de Kells, um manuscrito iluminado do século IX, cujas iluminuras utilizam elementos da mitologia celta, da tradição cristã e da cultura visual medieval para criar uma narrativa que dialoga com temas como religiosidade, conhecimento, memória e resistência cultural. Através da jornada do protagonista Brendan, o filme contrapõe a rigidez do mundo monástico à liberdade simbólica da floresta e da imaginação. A análise observa como a estética visual,  fortemente influenciada pelos manuscritos iluminados, e a trilha sonora contribuem para a construção de um universo onde o sagrado se manifesta tanto na arte quanto na natureza. A metodologia fundamenta-se nos estudos de autores como Marc Ferro (2003), que discute como o cinema pode ser um agente produtor de discursos sobre o passado, e Robert Rosenstone (2001), que abordam a ideia de que os filmes também “escrevem história. Como resultado inicial, se discute como o filme articula elementos históricos e ficcionais para afirmar uma identidade irlandesa moldada por diferentes tradições culturais e espirituais. Dessa forma, The Secret of Kells é compreendido como um exercício de narrativa cultural que atualiza e preserva símbolos fundadores da tradição irlandesa.