Religiosidade em O Dia de Ângelo, de Frei Betto

Autores

  • André Jorge Catalan Casagrande Faculdade Teológica Sul Americana

Palavras-chave:

Religiosidade. Ditadura. Frei Betto. Literatura brasileira.

Resumo

O estudo analisa a religiosidade presente em O dia de Ângelo (1987), de Frei Betto, romance que retrata o último dia de vida de um prisioneiro político durante a ditadura militar brasileira. A pesquisa tem como objetivo examinar como a fé cristã e a consciência política se entrelaçam na construção do protagonista, relacionando-as à crítica social e à denúncia dos crimes do regime. Metodologicamente, utiliza-se a análise literária, explorando aspectos narrativos, simbólicos e intertextuais, com fundamentação teórica em autores como Dalcastagnè, Foucault e Candido. A narrativa é estruturada em três “movimentos”, articulando violência, impunidade e debate político, com destaque para o uso de metáforas envolvendo insetos e para a antropomorfização da aranha como testemunha e símbolo do olhar social. Observa-se que Ângelo P., inspirado em figuras reais como Vladimir Herzog, é apresentado como cristão e comunista, rompendo estereótipos e expressando uma utopia de justiça e igualdade. Como contribuição, a obra evidencia a inseparabilidade entre fé e política, reafirma o papel da literatura como denúncia e propõe uma reflexão sobre memória, verdade e impunidade no contexto pós-ditadura.

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Referências

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Publicado

2025-10-23