A materialidade da religião nas lojas de santuários da Rota do Rosário

Resumo

Como parte dos estudos sobre a Rota do Rosário, o presente artigo propõe uma análise das lojas de santuários inseridas nessa Rota, circuito religioso e turístico que se estende em partes do Norte Pioneiro (nordeste) e pelos Campos Gerais (centro-leste) do Paraná. A reflexão fundamenta-se no diálogo entre a teoria da economia da religião e os estudos da religião material. Parte-se da hipótese de que tais estabelecimentos não apenas funcionam como pontos de comercialização de bens devocionais, mas se constituem especialmente como espaços de mediação do sagrado, nos quais práticas, afetos e objetos tornam o que é dado como sagrado acessíveis e experienciáveis no cotidiano. Defende-se que a lógica de valorização do religioso observada nesses ambientes não corresponde a uma banalização do sagrado, mas à sua circulação, ressignificação e inserção em identidades pessoais e coletivas. Assim, compreender a experiência nas lojas de santuário requer ultrapassar dicotomias simplistas entre “fé pura” e “mercantilização”, reconhecendo tanto a agência dos fiéis quanto a complexidade das dinâmicas religiosas contemporâneas.