“A TERRA TEM MEMÓRIA”
NARRATIVAS DE VÍTIMAS INDIRETAS DE FEMINICÍDIO NO ACRE
Palabras clave:
memória e verdade, feminicídio, esquecimentoResumen
A partir da análise de duas mortes violentas de mulheres ocorridas em 2021 na cidade de Rio Branco, capital do Acre, proponho discutir o direito à memória e à verdade em crimes de feminicídio. Esse binômio de direitos, forjado no bojo das lutas por justiça de transição de regimes autoritários a democráticos, foi transposto para o contexto de feminicídios a partir das “Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de Mulheres – feminicídio”, documento formulado em 2016 pela Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) em conjunto à então Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) e à Secretaria Nacional de Segurança Pública, contando com a participação de vários sujeitos do Sistema de Justiça. Os casos são discutidos partir da análise documental dos processos judiciais aliada a entrevistas semiestruturadas com duas vítimas indiretas, que também atuaram como informantes no processamento dos mesmos. Manejando as categorias “gestos simbólicos” (Villa, 2020), (Segato, 2010) e “institucionalização do esquecimento” (Fernandes, 2024), tentei demonstrar como a subutilização ou não utilização da então categoria feminicídio gera prejuízo à realização do binômio de direitos acima mencionado. Ademais, o “trabalho de memória” das vítimas também é prejudicado pela atualização do trauma com a incapacidade do Estado em prevenir novos feminicídios e outras violências de gênero. A despeito disso, as vítimas indiretas precisam seguir suas vidas e reinventar seu cotidiano para lidar com luto, o que fazem com quase nenhum apoio institucional.
Descargas
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Simpósio sobre Feminicídios

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.